'Isso é um inferno': interrupções repetidas prejudicam a mudança de segurança contra incêndios florestais da PG&E, do corte de árvores para disjuntores

Laurel Adams Ferns acordou na segunda-feira sem eletricidade em sua casa em Walnut Creek, forçando uma ida a um café próximo para obter conexão com a Internet para superar sua quarta queda de energia em pouco mais de um mês, cada uma com duração de mais de 10 horas.

A Pacific Gas & Electric Co., responsabilizada por incêndios florestais devastadores provocados por linhas de energia nos últimos anos e sob pressão para melhorar a segurança, embarcou em uma nova estratégia este ano que muda o foco do corte intensivo de árvores perto de seus equipamentos para disjuntores avançados tecnologia. A concessionária insiste que a mudança reduziu o risco de incêndio com pouco impacto adicional para a maioria dos clientes. Mas os clientes queixam-se de que a implementação foi prejudicada por repetidas interrupções - e um dos próprios relatórios da PG&E aos reguladores da Califórnia mostra um aumento nas interrupções de clientes no ano passado, quando iniciou o programa.

“Para aqueles de nós que trabalham remotamente”, disse Ferns, um advogado, “isto é um inferno, sem falar em quantas vezes, desde que esta nova ‘estratégia’ entrou em vigor, tive que jogar fora tudo da minha geladeira”.

A PG&E reconheceu que a mudança aumentou “o número de clientes impactados” pela sua nova abordagem e que está a trabalhar para ajustá-la para melhorar a fiabilidade.

“A PG&E está tornando o sistema elétrico mais seguro e mais forte para nossas comunidades”, afirmou a concessionária em comunicado. “Sabemos como foi difícil para os clientes que sofreram cortes de energia, e é por isso que continuamos a encontrar formas de diminuir o impacto dos cortes de energia nos nossos clientes.”

O que está em questão é o que a PG&E chama de Enhanced Powerline Safety Settings, ou EPSS, em que os disjuntores cortam automaticamente a energia para um bloco de clientes em um décimo de segundo quando há uma falha, como a queda de um ramal em uma linha de energia. A PG&E introduziu-o em 2021 e concluiu a implementação no ano passado dentro e ao redor de áreas de alto risco de incêndio, incluindo grande parte de East Bay, North Bay, Península, sopé de South Bay e montanhas de Santa Cruz.

A concessionária disse aos reguladores estaduais no mês passado que o programa EPSS em 2022 reduziu o número de incêndios em relação às médias do ano anterior em 68%, em comparação com 7% em seu programa de manejo de vegetação.

Mas uma série de cortes de energia neste verão levou alguns residentes a iniciar petições online – e chamou a atenção de algumas autoridades locais. A cidade de Lafayette entrou em contato com a concessionária após interrupções na segunda-feira e pediu que os representantes da empresa participassem de uma reunião do Conselho Municipal no final deste mês para fornecer atualizações sobre a situação. A PG&E está planejando eventos comunitários para responder perguntas lá e em Los Gatos.

A Comissão de Serviços Públicos da Califórnia em 2020 impôs uma multa recorde de US$ 1,97 bilhão contra a concessionária devido a uma série de incêndios florestais mortais no norte da Califórnia provocados por seus equipamentos em 2017 e 2018. Mais recentemente, a PG&E fez um acordo com as autoridades do condado de Shasta por US$ 50 milhões pelo mortal Zogg de 2020. Incêndio provocado por uma árvore atingiu linhas de energia.

Em uma resposta obrigatória esta semana ao Escritório estadual de Segurança de Infraestrutura Energética, que solicitou à PG&E que revisasse seu plano mais recente contra incêndios florestais, a concessionária disse que os dados mostram que a tecnologia EPSS não afetou indevidamente as interrupções para a maioria dos clientes. A agência está analisando a resposta.

A resposta da PG&E disse que dos 1,8 milhões de clientes em circuitos protegidos por EPSS em 2022, 58% não sofreram interrupções da tecnologia e 26% não tiveram mais do que duas no ano passado, com a interrupção média diminuindo para menos de três horas. A concessionária disse que a maioria dos clientes “experimentou confiabilidade de serviço consistente com o desempenho de todo o sistema”.

No entanto, o relatório anual de confiabilidade elétrica de 2022 da PG&E para o CPUC em 15 de julho disse que suas “métricas de confiabilidade foram afetadas negativamente à medida que a PG&E implementou configurações aprimoradas de segurança da linha de energia” e que “esses esforços de mitigação de incêndios florestais resultaram em clientes enfrentando interrupções cada vez mais prolongadas”. A PG&E acrescentou que o seu “sistema eléctrico também sofreu tensões novas e diferentes devido a mudanças de carga, uma vez que muitos californianos continuaram a trabalhar remotamente em 2022”, um efeito persistente da pandemia COVID-19.